Agradeço a todos que me elegeram, e pretendo fazer jus à confiança que me depositaram.
Seguindo a liturgia da Academia, devo externar os motivos pelos quais me levaram a pleitear uma Cadeira na tão honrosa Academia de Medicina de São Paulo.

Isso não será tão difícil, como acadêmico que sou, posso até dizer que se acrescentar o caminho traçado pelo meu pai, ao qual segui em todos os seus passos, pode-se dizer que são mais de 60 anos.

Lembro-me ainda criança, seu entusiasmo em descrever suas discussões acaloradas na Sala de Congregação da FMUSP, suas agruras que passou em seu concurso para professor catedrático, suas inovações cirúrgicas e como descrevia seu amor aos pacientes.

Fiquei, assim, precocemente apaixonado pela medicina e particularmente pela Academia. Maduro no exercício da ortopedia, da pesquisa e do ensino médico, fica implícito pleitear essa Cadeira e tentar contribuir com o progresso daquilo que iniciaram sucessivas gerações de patronos, que fizeram gloriosa a nossa velha Academia.

Relembrando aos que me antecederam, não podia deixar de citar figuras importantes: Professor Zephirino do Amaral, meu tio-avô, foi presidente da Academia nos anos de 1932 e 33, durante a Revolução Paulista, foi um expoente Cirurgião Geral, formado catedrático pela USP, atuou com brilhantismo na Santa Casa de São Paulo, já que o Hospital das Clínicas ainda não existia.

Godoy Moreira, professor catedrático, meu tio-avô, também da Academia, fundou as bases da ortopedia atual, idealizou e construiu o nosso Instituto em 1953.

Flávio Pires de Camargo, meu pai, catedrático da Faculdade de Medicina, consolidou a obra de Godoy Moreira, impulsionou a Ortopedia para todo o Brasil. Ele entrou na Academia em 1954.

Com relação aos antigos ocupantes da Cadeira 47, citamos Edmundo Vasconcelos, o primeiro patrono, ele entrou em 1924 na FMUSP, vindo da Federal do Rio de Janeiro, e foi sucessor do Benedito Montenegro. Foi um habilíssimo cirurgião, estabeleceu as condutas atuais do ambiente cirúrgico. Quem o sucedeu foi o professor Aurélio Borelli, grande professor livre-docente, me ensinou as Moléstias Osteometabólicas. Uma figura amável, guardo gratas recordações dele.

Proponho encampar nessa luta, honrar a Cadeira 47, cujo patrono Edmundo Vasconcelos é um ícone da casa de Arnaldo. Muito obrigado